2010/05/11

Apenas o Necessário

Na próxima semana seria o aniversario de casamento, 16º aniversário. Desde o dia que se conheceram não se conversavam. Se falavam, era corriqueiro um “Oi”, um “Adeus”, um “até mais tarde”, “Que horas você volta para o janta?”.

Obviamente não ficavam apenas nisso, mas nunca havia uma conversa profunda nos 19 anos que estavam juntos (2 de namoro, 1 de noivado e 16 de casamento). Discutiam sobre as coisas comuns do dia, sobre a escola das crianças, escolhiam viagens, o final de semana. Palavras como “te amo” aconteciam no meio e depois do amor, no fim de cada ligação e quando ele ia trabalhar.

Eles sabiam que se amavam, sabiam em cada dia que assistiam TV, abraçados (todos os dias assistiam a novela abraçados, apesar de ele odiar novela, porém em contrapartida, adorava o abraço dela e a novela já era comum e já tinha se acostumado).

Ele era feliz. Ela não falava muito, nunca, nem com suas amigas. Não existiam discussões de relações, apenas falavam o necessário. Ele já falava o dia inteiro, diretor de marketing, tinha que convencer, motivar, vender e falar, talvez por isso ela era perfeita, já que a noite podia tranquilamente descansar sua voz e o seu pensamento.

Ela era feliz. Ele era carinhoso, romântico e bem sucedido, tinha lhe dado dois filhos, realizando o seu sonho de ser mãe, ele tinha lhe dado tudo o que precisava.

Assim ele virou e disse: “Semana que vem é nosso aniversário”. Ela “Sim”. Ele “O que vamos fazer?”. Ela “Quero jantar fora, naquele novo restaurante”... “Perfeito, vou marcar”.

Assim foram dormir.

2010/05/09

Um Nome ou Um Número

Quantas vezes você assistiu um filme, um documentário, uma série, leu um livro, uma entrevista, e ao fim percebeu quão insignificantes você é para humanidade. Não é questão de ser conhecido, famoso ou reconhecido, mas questão do quanto você contribuiu para a humanidade, o papel que você desempenhou até agora na sua vida e quanto você fez para que a vida fosse melhor.

Quantos livros você escreveu? Quantas teorias você desenvolveu? Quantos objetos você inventou? Quantas vidas você já salvou? Quantas idéias revolucionárias ou pelo menos inteligentes você teve?

As coisas hoje são tão mais fáceis. Os gregos escreviam livros de 100 de folhas, em papiros a mão, mesmo com todas as adversidades eles trabalhavam, calculavam, inventavam. Foram capazes de medir a circunferência da terra com paus e passos. Nossa geração tem mais acesso ao conhecimento, mais ferramentas de desenvolvimento, mas saúde e condições do que qualquer outra parte da historia, mesmo assim quanto de tudo isso estamos usando para algo que seja realmente significante?

Pense, Newton, Mozart, Luter King, Einstein, Colombo, Michelangelo, Hendrix, Moises, Copernico, Asimov, Drumond, Michel Jason, Spielberg, Santos Dumunt, Steve Jobs, Ford, Freud e uma infinidade de pessoas que de alguma forma contribuíram com a humanidade, que mudaram a vida do nosso planeta, todos eles eram incansáveis, esforçados, amantes do conhecimento e da descoberta, curiosos e trabalhadores.

E nós, o que estamos fazendo por nós mesmos e pela humanidade? O que estamos criando de novo? Seremos só um numero ou um nome dentre nossa geração? Seremos alguém ou apenas um?

Que estamos fazendo para isso? Será que ao invés de ficar batendo papo no MSN ou assistindo novela não poderia estar pensando, lendo, desenvolvendo? Não estou dizendo que não temos que nos divertir, distrair ou descontrair, o que eu estou preocupado é no que você e eu estamos fazendo das nossas vidas, o que estamos construindo, quanto estamos contribuindo, quanto estamos gastando de tempo em algo de real importância não alguma rotina comum e fútil.

Eu tenho a sensação de que eu estou desperdiçando minha vida com futilidades, que eu poderia fazer e ser muito mais, como se eu tivesse enterrando um talento, por isso vamos colocar em mente que a cada dia que levantarmos vamos resolver um problema, pensar em alguma coisa que não foi pensada, criar alguma coisa que não existe e ajudar ao próximo, para que nossas vidas tenham um pouco mais de valor sobre a terra.