2011/01/24

Sobre a Inexistência do Presente e as Constantes Variáveis

Procurei encontrar o exato momento em que o presente se dá. O ponto correto, o ponto fixo na linha do tempo, isso se o tempo pode ser representado em uma linha, onde a esquerda temos o passado e a direita temos o futuro e num traçado tênue e preciso temos o presente. Não achei.

A cada momento que tentei representar o presente, ele já tinha passado, e/ou ainda estava por vir. Acontece que toda vez que colocava um ponto, um traço no presente, representava ele em uma foto, ele já era uma lembrança do passado. Meu próprio pensamento e as coisas que eu acabei de falar são parte de um passado, que não é muito diferente dos de bilhões de anos atrás.

Não se representa o tempo, ele passa, é um processo não um esquema, é uma esteira rolante não uma reta de uma régua. Esse é o problema, ele está sempre mudando, sempre continuo, em processo, veloz e perpetuo.

Assim consegui o primeiro postulado. Simples. “O presente não existe”

Sim amigo, sei que já sabia, mas as vezes é ótimo reinventar a roda, constatar por si mesmo as verdades mais obvias que de tão comuns passam despercebidas da nossa consciência, e da sabedoria da grande massa populacional que não se inquieta com os pensamentos mais primitivos da ontologia.

O presente é uma convenção para que nossas mentes tacanhas não entrem em colapso (como tantas outras convenções), para que possamos dividir nossas vidas em estados, e pensar que temos o controle do que ocorre, que temos um tempo em que s coisas acontecem, e que estamos nesse exato momento neles, vivendo e desfrutando, não que estamos apenas em um processo, conjunção de um passado recente e um futuro por vir.

Ainda pensando no processo, em como o tempo simplesmente... passa, em como tudo está em mudança, constante movimento, os átomos e em movimento , o caos em convergência, o universo em expansão, e que tudo muda, mesmo o sol que todo dia nasce ou a gravidade que nos prende a Terra, tudo são primícias temporárias.

As coisas que agora são, não serão para o todo. O que é pode não ser mais, isso é claro. Tudo é variável, até o que nós colocamos como constante. Colocamos assim para facilitar nos nossos cálculos e que para que a humanidade possa ir a lua. Mais uma constante, algo fixo, é nada mais do que uma variável que ainda não se alterou. Ela é constante porque o meio ainda é o mesmo, a dimensão ou talvez em um dos últimos supostos , porque o tempo ainda não passou suficientemente.

Assim nasce o segundo postulado. “Toda constante tende a variar”

Só a titulo de exemplo, pensemos na velocidade da luz, uma constante universalmente conhecida. Essa só é constante no seu meio, ou seja no vácuo, se submetida em outro meio mesmo sendo constante essa vária. E mesmo pensando que ela viaje a eternidade no vácuo, o vácuo que também pode ser considerada uma constante no dado exemplo, tende a se modificar, o que modificaria a velocidade constante da luz.

Agora é só pensar, “e nós, não temos um presente e nem somos constantes, qual será nossa dinâmica e como encaramos esse processo”?

2011/01/23

Lembranças

Havia um telão, com Chico Buarque tocando no fundo, colocaram uma daquelas músicas em que o Chico compõe no feminino, ele sempre ficou intrigado em como o Chico conseguia uma profundidade e um sentimento tão feminino sendo ele homem, isso o espantava, por isso escolheram aquela musica para acompanhar as fotos e pequenos vídeos que tinha deixado. Lembraram que anos a trás ele tinha feito esse tipo de vídeo vida, mas para homenagens diferentes como casamentos e aniversários de anos de casamento.

Todas as fotos que passavam eram fotos que tinha encontrado em seu notebook, provavelmente as que ele gostava mais, mas ao meio colocaram algumas encontradas em suas redes sociais, abandonas á meses, parecia que nesses últimos meses tinha desistido do mundo virtual mesmo, seria isso um sinal? Alguns comentavam, já que ele passava horas em seu comunicador instantâneo, e nunca mais entrou, essas foram algumas teorias, os mais sóbrios contra argumentavam que ele tinha parado pois tinha se dedicado em terminar os seus trabalhos, que agora ficariam na metade, o seu livro e o sua tese.

Depois pegaram um daqueles textos ilógicos com nomes enormes que deixara em seu blog, e leram, alguns riram, outros não entenderam nada, isso acontecia sempre, muitas vezes não entendiam, mas os mais sagazes e mais próximos tinham uma compreensão do que queria dizer, ou apenas do que não queria dizer.

Por fim alguém cantou aquela musica que tinha escrito na oitava serie. Era sua predileta, talvez a obra prima, dizia ele que ainda escreveria sua obra prima, muitas vezes perseguiu, passou horas em claro tentando escrever, mas sempre qndo terminava cantava a si mesmo, lendo os guardanapos de papel rabiscado com sua em fim “obra prima”, ai a comparava as métricas dos Caetanos, Chicos, Gilbertos, Lirinhas, Zecas e Fernados, e via que ainda faltava muito para sua obra prima fosse exprimida.

Estavam presentes os seus amigos, seus familiares, seus colegas. Celebrando aquele que não estava junto deles.