2011/12/19

Foi Real

Se eu contar ninguém vai acreditar, vão com certeza dizer que eu inventei essa história, melhor, que eu parodiei porcamente, mas juro de pés juntos (isso se, somente se, eu realmente estiver “acordado” agora) que aconteceu comigo há poucos instantes.

Estava no escritório ao lado do meu supervisor e mais alguns diretores. De repente avistei pai. Fiquei muito feliz, pois há anos que eu não o via. Porém, depois de algumas horas o clima que era de muita felicidade e euforia, onde eu apresentava a todos o meu tão querido pai, tornou-se uma tempestade pesada e tensa.

Dentro de uma sala de reunião eu começava a brigar sem motivos aparentes com meu pai. Todos estranhavam. Eu dizia em voz alta e gritando: “Você é uma farsa, porque fez isso conosco? Você está morto, eu fui no seu enterro. Por quê”? Ele me disse: “Então se você prefere assim... estou indo embora!” Respondi imediatamente: “ Vai..., toda vez que tu apareces é uma farsa, um engano ou um sonho”. E ele foi embora.

Voltei a trabalhar, com todos os meus diretores me olhando fixamente, aquele clima pesado. Foi então que pensei em tentar explicar à todos, principalmente ao meu supervisor direto. Engraçado, eu não me lembrava o novo do meu supervisor direto, tive que perguntar duas vezes o seu nome, pois havia me fugido da memória completamente, eu não sabia porque, mas não conseguia lembrar do nome do Sanches. Mesmo assim continuei em minha explicação contando que meu pai era uma grande fraude, um impostor, pois não sabia como, mas tinha certeza que há anos ele tinha morrido, eu mesmo tinha comparecido pessoalmente ao seu velório, visto o seu corpo morto, lido seu atestado de óbito onde o médico legista depois de feito uma autópsia atestará que ele havia falecido por hemorragia interna.

Neste instante todos ficaram espantados e me olhavam com uma tristeza, escandalizados, olhares indecifráveis. Pensei: “Mas ele não está vivo, é tão obvil, isso não é uma farsa do meu falecido genitor, eu que estou delirando, isto aqui só pode ser um sonho”. Claro, tinha chegado à conclusão mais lógica, e precisava comunica-la a todos. Tentei avisar a cada um que tudo isso não passava de um sonho. Todos ali eram frutos do meu delírio noturno. Obviamente que ninguém acreditava.

Assim lembrei-me de um filme que tinha assistido há tempo e perguntei a todos: “Como chegamos aqui”? Alguns riam, outros falavam ironicamente – “Andando”. Eu perguntava sobre suas memórias e ninguém me respondia. Resolvi me beliscar para ver se doía e claro que senti dor, me lembrando também que era mito que não sentíamos dor sonhando.

Meu desespero aumentava gradativamente, como iria provar que estava sonhando, se não estava sonhando, eu estava louco. Assim, finalmente me lembrei de um homem. Sim, aquele homem que ninguém conhecia, que ninguém sabia o seu nome, mas que sempre estava sentado a direita com uma gravata com bolinhas vermelhas.

- Como é seu nome? Me responda? Não vai me responder? Isso porque você não existe, você é fruto do sonho, você não existe, eu berrava esbravejante contra o homem. Mudo, calado, ao invés de me responder começou a andar pra cima de mim, e todos começavam ir para cima de mim, e eu cai. Fechei os olhos. Acordei.

Não me lembro muito bem os fatos decorrentes depois disso, mas sei que estava andando por algum lugar comecei a pensar comigo: “Que coisa maluca, se eu sabia que estava sonhando, naquela hora como eu posso saber que não estou sonhando agora?” Olhei para o lado e vi um homem de gravata com bolinhas vermelhas. Nesse instante passaram um grupo de pessoas entre minha visão e o rapaz da gravata. Quando o grupo passou o rapaz estava na minha frente, como se tivesse se teletransportado, eu pensei: “Fudeo, ou eu estou louco, ou eu estou sonhando novamente. Se isto é um sonho, estou em looping e não acordarei nunca... Jamais voltarei à ‘realidade’, se é que existe a realidade, se é que existe um momento que não estamos sonhando”.

Finalmente eu acordei. Encontrei com meu irmão no corredor de casa. Com grande emoção comecei a relatar toda essa história, afirmando que estava morrendo de medo de não saber mais a realidade e de nunca acordar. Meu irmão andava comigo pelo corredor, com grande paciência ouvia meus relatos e tecia comentários sobre meus tão estanho sonho. Assim corria nosso dialogo, e num instante de quando raciocinava sobre um dos comentários do meu irmão olho para o lado e vejo uma moça de vestido longo e largo branco, um traje parecido aos dado aos internado em manicômios, suja de inteiramente sangue olhando pra mim com a pele de aspecto de decomposição de dias, cinza, olhos branco opacos sem brilho algum. Deseperadamente me passa me corre na mente: “Eu estou sonhando de novo, não é possível” E grito com toda minha força: “ ACORDA LEANDRO, ACORDA”.

Fui ouvindo uma voz como de alguém com deficiência mental me chamando, pedindo para eu acordar. Era eu mesmo, minha voz não saia projetava direito, saia com dificuldade, melhorando a cada momento que ia acordando, acordando, até acordar, esperando que um despertar finalmente para a “realidade”.

Minha mãe gritou: “Leandro você está tudo bem com você?” É claro que não estava, meu corpo estava fraco e ainda está tremendo. Meu coração disparado. Me levantei imediatamente, acendi a luz, olhei nos detalhes da casa, esperando saber se realmente estava em casa. Então fui falar com ela. Contei tudo que acabo de contar, mas durante a conversa eu ainda tinha dúvida se estava acordado. Como a física onde estava vivendo era realmente complexa e precisa, não surgia nenhum zumbi pela janela, e minha mãe contava que isso já tinha acontecido com ela, eu senti realmente que estou “acordado”.

Depois de conversar com minha mãe resolvi ligar a TV e o notebook, para ver o mundo, para não ficar com os meus pensamentos sozinhos, para ver as coisas mais complexas e detalhista, para ter certeza que é a “realidade”, seja lá o que significar essa palavra.

Lembrei do totem, tentei colocar uma moeda em pé, e ela, caiu, para meu alivio, fiz mais um teste , tentei jogá-la e ver se caia na outra face que eu não estava vendo, a coroa, e ela caiu na coroa, joguei novamente, agora caiu na cara. A moeda caia, mostrava as duas faces. Realmente eu não estou sonhando. Então por fim, resolvi relatar essa história, e se eu realmente estiver acordado você vai poder lê-la.

Agora me ponho a pensar na velha e manjada pergunta. Quando eu realmente estou acordado? A pequena diferença é que aqui não acontecem coisas estranhas, a física é muito mais certa e detalhista, mas as diferenças sessam por ai.

Eu não tinha te dito que você não iria acreditar que isso aconteceu comigo. Eu sei, ate eu, lendo esse relato, acho que parece que uma historia retirada de um insight de Inception, com uma pequena pitada de Matrix. Mas te afirmo novamente, aconteceu comigo, foi “real”.

Um comentário:

Tati disse...

Meu caneco furado, que foi isso que eu acabei de ler?? kkkkkkkkkk
aiai só com vc mesmo Lê. Vc sempre vai vir com um posts desse, depois de ficar uma eternidade sem escrever nada???? kkkk
bjs