Os ponteiros não andavam, eu já me perguntava se os segundos haviam sido trocados pelos minutos no relógio por algum sacana sarrista. Sabia porém que essa minha suposição era vil, ignorante e ingênua, o saca sarrista era na verdade o Tempo. Refleti mais um pouco e cheguei a conclusão que esse senhor de barbas brancas, não era sacana sarrista, mas sim um preguiçoso. Havia acordado com sono e seus movimentos estavam letárgicos, sonsos e moles. Tinha reparado que esse senhor era teimoso também, adorava uma pirraça. Quando era pra enrolar, demorar em sua caminhada, parecia que ganhava força dos bons momentos que agora eram, e se apressava. Talvez fosse ciúmes, não queria que vê-los por uma grande duração. Já quando era pra se apressar, fazia greve, manha, birra, emperrava e andava a passos de uma princezinha infanto ou de uma senhora com artrose. Tinha amigos colaboradores também. O Sinal, que se fechava a cada esquina, um moleque traquina, que escondia com magistrado as coisas, em sua especialidade as carteiras e chaves, esses ajudavam o senhor Tempo nesses momentos difíceis em que ele corria ao invés de dormir. O Tédio, os Sons Irritantes e uma certa Dor nas Costa ou de Cabeça, por sua vez eram seus companheiros em tempo de greve, que por sinal o acompanhavam hoje, onde mais uma vez esse senhor de barbas brancas de morava na sua caminhada.
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